quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Orgasmo, que dificuldade!

Orgasmo, que dificuldade!
Por Letícia Zioni Gomes

“Já transava há três anos, gostava do sexo, mas sabia que ainda não tinha alcançado o orgasmo. Ficava triste, é lógico. Fui passar as férias de verão na casa do meu namorado na praia, ficamos quase dois meses naquela vida de caiçara. Um dia, numa tarde qualquer, fizemos amor tranqüilos e relaxados como nunca. Andava apaixonada pelo meu corpo bronzeado, lembro de estar tão à vontade com todo aquela sensação que, quando finalmente gozei, a primeiro coisa que veio a minha cabeça foi: sou feliz”.
Pamila de Souza Fierchieri, estudante, 24 anos

“Orgasmo para mim é o sentimento máximo de prazer. Demorei anos para consegui gozar, talvez porque comecei muito cedo, aos 13. Mas coloquei na minha cabeça que um dia ia ter um orgasmo. Nunca tive vergonha de fazer perguntas sobre isso: conversava com as amigas, enchia o saco da minha ginecologista, enfim, corria atrás. Mas sabia também que precisava desencanar, que ficar desesperada não levava a nada. Aos 20 anos, namorei um menino de 17 e o fato de ele ser mais novo me deixava mais confiante. Ele sabia que eu nunca tinha gozado (na época, tinha uma teoria boba de que já tinha tido ‘meio-gozos’, sei lá, como gostava muito de sexo, pensava que já devia ter tido alguns “orgasminhos” sem perceber). Sexo virou brincadeira para gente, coisa de ficar uma tarde inteira na cama, se conhecendo. Até que um dia minha cabeça e meu corpo sentiram coisas diferentes, aconteceu algo que eu nunca tinha experimentado. Se sei explicar em palavras? Bem, acho que foi uma explosão de sentimentos desencadeada por um estado físico difícil de alcançar. Acho engraçado esse nosso poder de sentir algo tão forte simplesmente mantendo a mente quieta e estimulando os locais certos. Hoje, gozo com quem quero gozar, depende só de mim. É um exercício.
M.W., designer, 26 anos

Que menina nunca passou pela angústia de saber exatamente como funciona o tão falado orgasmo? Quando se é virgem, a imagem cinematográfica da mulher ao delírio durante o sexo marca tanto nossa visão do ato de gozar que fica difícil imaginar que o orgasmo não se traduza em espasmos, gritos, descontrole, ida à Lua, etc.

Mas é só a gente perder a virgindade e começar a transar que se aprende que a coisa não é bem assim. “O orgasmo é o ápice do prazer físico, só que isso não significa que a mulher quando goza tem sensações inimagináveis, vê estrelas, essa imagem glamourizada que se criou em cima do gozo”, analisa o psicanalista João Alberto Quinete, da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade. “Na vida real acontecem muitos orgasmos femininos intensos e discretos. Ele é diferente para cada mulher e para cada situação, e isso é um dos motivos que prejudicam a compreensão desse momento especial”, conclui.

Reconhecendo um orgasmo
“Se um paciente diz ter dúvidas se teve ou não um orgasmo, falo logo que o mais provável é que ela não o alcançou”, conta Quinete. “O ato de gozar não passa desapercebido”, diz.
Mesmo que o corpo não evidencie explicitamente o orgasmo, ele nos dá alguns sinais.

Em primeiro lugar, é preciso desassociar o ato de ejacular com o gozo. Como o orgasmo masculino geralmente coincide com a ejaculação, muitas meninas acreditam que ao atingir o clímax vão ejacular. “Isso não acontece, mulher não ejacula. O que pode ocorrer é a saída do líquido lubrificante que se acumula na vagina e que pode acabar escorrendo devido às contrações e às mudanças de posição, só isso”, explica o psicanalista.

Mas então que sinais são esses?
Não é para ficar se auto-analisando durante a transa, o que só torna o orgasmo mais difícil, mas é possível identificar algumas alterações que ocorrem no corpo durante o sexo e no momento do orgasmo. O ginecologista Vilmon de Freitas enumera: “a vagina fica mais lubrificada (molhada) e se contrai bastante; o rosto se enrubesce (fica “vermelhinho”); os bicos do seio endurecem. Também não dá para indicar quanto tempo dura um orgasmo, mas geralmente eles se encera em poucos segundo”. Pós-gozo, o corpo fica mole, mole, mas ainda capaz de outras relações, ou melhor, a fim de outras relações.

Por que nem toda menina consegue atingir o orgasmo?
São poucas as meninas que não gozam por problemas físicos. A grande dificuldade do orgasmo está na cabeça, no psicológico. “Convenhamos, sexo não é matéria bem resolvida na sociedade ocidental”, diz Quinete. “Se falta naturalidade em tudo que se refere a sexo – a conversa entre pais e filhos, o aprendizado na escola, a abordagem na mídia – é óbvio que na hora da transa ela também vai faltar”, considera o psicanalista. E menina com a cabeça cheia de grilos não consegue mesmo alcançar o relaxamento necessário para gozar. Muitos desses grilos provêm da falta de experiência sexual, o que significa que ao longo dos anos a gente vai aprendendo a como “chegar lá”. Com o passar do tempo, a menina começa a ter mais controle sobre as sensações físicas e o orgasmo passa a ser mais fácil de ser identificado.

O ginecologista não concorda com a tese de que há dois tipos de orgasmos femininos (o clitoriano e o vaginal). “Trata-se na mesma coisa, as sensações provocadas pelo orgasmo passam tanto pelo clitóris como pela vagina, não há essa diferenciação”, explica. Como lembra o psicanalista, o “clímax está na cabeça, já que é no cérebro que se encontram as células responsáveis por transmitir ao corpo a sensação de prazer”.

Algumas dicas

- Diálogo
Esconder sua dificuldade em gozar para seu namorado em nada vai adiantar, você não estará apenas o enganando, você estará SE enganando. Sendo honesta é mais fácil que o entrosamento sexual de vocês melhore. É preciso ter coragem de mostrar ao parceiro o que você gosta e o que você não gosta na hora do sexo.

- Conheça o seu corpo
Descubra os pontos de seu corpo que mais te excitam. Transforme a masturbação em um hábito, ela ajuda em muito essa busca pelo auto-conhecimento corporal.

- Capriche nas preliminares
As carícias antes da penetração são mais que bem-vindas, deixando seu corpo mais preparado para o orgasmo.

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